domingo, 30 de maio de 2010

Patriotismo?




Tantos torcedores, tantas manias distintas. Embora cada um tenha uma opção de time em época de copa todos se juntam para torcer por um único time: nosso querido Brasil. Tudo pára quando a seleção entra em campo e surge uma imensa expectativa, até quem não gosta de futebol acaba torcendo.
Afinal.. em todo lugar só se fala nisso, chega a ser uma baita persuasão. O verde e amarelo se espalharam pelas ruas da cidade como uma epidemia que só tende a crescer mais e mais; no jornal estão contando os dias para o início da copa.
Já os torcedores vão se organizando pro tal momento esperado.. tem os que usam chapéu verde e amarelo; os que preferem os óculos, pulseiras, camisetas, chinelos e os mais chamativos preferem optar por cornetas e até existe os que colocam mais bandeiras em carros e janelas de residências. Tem um pouco de tudo e eu deixo cada indivíduo com a sua mania, sua superstição.
Embora eu não me considere patriota.. hoje eu, sem querer, percebi que talvez tenha um pedaço de mim que seja da cor desse país. Foi preciso ver um desses chapéus na vitrine de uma loja para pensar em como seria engraçado participar desse movimento de que é tanto comentado. E eu vi que querer torcer pelo time do meu país é uma pequena manifestação de que eu amo esse lugar que eu tanto desprezo.
Pois é, quem diria que um dia eu escreveria sobre isso porque estou sempre preocupada demais em olhar o exterior; elogiar as músicas estrangerias, os produtos, os estilos, os ruivos da escócia, o frio da Europa, os loiros alemães, o sotaque francês, inglês britânico.. Ta.. e o Brasil? O que há pra se falar? De mim a maior parte que eu comento são críticas. Sempre falando do governo, dos políticos, da população, da violência, dos piores lugares. Agora eu percebo a minha ignorância.
Se fosse um país tão ruim quanto eu imaginava.. os estrangeiros não estariam preocupados em vir visitar; as mulheres mais bonitas são daqui; alguns dos lugares mais lindos são daqui. É um país rico.. rico de recursos e débil quando se trata de administrar tudo isso.
Enfim refleti bem e notei que o que tenho por esse pedaço de terra não é só desdém e que talvez aqui dentro do coração algo esteja soprando uma corneta pra torcer por ele todos os momentos.
Pois é, no fundo, no fundo.. todo mundo tem um pouco de patriotismo dentro de si. E você já tem o seu chapéu ou a sua corneta pra depositar as esperanças de vitória no Brasil? :)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Nothing's ever built to last;

I'm the one that kept quiet 'cause silence has no face, but the words has many faces. (?

pág. 149
"-Não faz mal, eu vou matar ele.
(...) - Vou, sim. Eu já até que comecei. Matar não quer dizer a gente pegar o revólver de Buck Jones e fazer Bum! Não é isso. A gente mata no coração. Vai deixando de querer bem. E um dia a pessoa morreu."

domingo, 23 de maio de 2010

Dream, huh?

Era fim de tarde. Lembro de estar na praia, havia acabado de chegar. Com os pés descalços na areia indo em direção ao mar ouço um chamado. Quando me viro ele está aqui já, bem pertinho de mim.
Sussurrou mais uma vez meu nome, dessa vez fitando meus olhos.
E então me beijou.
A vergonha, a timidez, tudo que tinha sentido antes perto dele sumiram nesse exato momento e só havia atenção para esse beijo.
Ele foi afastando o rosto devagar e me olhando.
Me desculpei caso o beijo estivesse ruim, pois há tempos não beijava mais ninguém. [claro, se eu nao dissesse isso.. com certeza essa da história não seria eu ;p]
Ele foi até uma toalha estendida e se sentou. Olhei em volta e pensei em sentar ao seu lado, porém achei melhor sentar entre as pernas dele, abraçados.
Eu não consigo imaginar esse tipo de romance, mas confesso que a sensação era boa; e todo meu fingimento, todo o meu gelo se dissiparam diante dessa sensação tão diferente. Aquele friozinho na barriga que ninguém consegue explicar.
Conversamos um pouco e então eu acordei.
Estava sonhando..
Convidaram-me para ir até o shopping. Não lembro bem quem estava lá, só lembro que fui.
Formamos uma rodinha de amigos em um espaço meio afastado e conversávamos sobre lugares, eventos e congêneres... quando ele chega.
Não chegou sozinho. Enquanto os conhecidos cumprimentavam uns aos outros, ele apenas ficou parado na minha frente olhando; depois sentou e não parava de encarar. Então finalmente disse:
- Me dá um beijo?
Ora, esse tipo de pergunta não se faz. Obviamente atraiu a atenção de todos e pararam pra ver minha reação.
Constrangida.. me inclinei um pouco pra frente e ele fez o mesmo. Quando estava perto de sua boca desviei e cochichei para que só ele pudesse ouvir "eu sonhei com isso ontem".
Ele voltou pra posição em que estava e abiru um sorriso, como se ouvir aquilo tivesse sido mais vitorioso do que qualquer outra coisa.
E então eu acordei, de novo...

E vi que se pode ter um sonho dentro do sonho. Estranho, mas legal.. diferente né.
O ruim é que me faz lembrar de coisa que talvez eu não queira me envolver.. só isso.



quinta-feira, 13 de maio de 2010

Burning bridges

Hoje eu pensei em você. Pensei com o famoso "e se..?" E se.. né?

Estava ela lá sentada sozinha olhando pro nada quando surge uma silhueta ao seu lado parado como uma estátua.
Com o olhar distante ela nem se atreveu a olhá-lo.
- Senta aqui, tio. Quero levar um bla bla bla com você, pedi que o chamassem..
E ele se sentou e permaneceu quieto, apenas ouvindo.
- Eu pensei em você hoje. Na cozinha hoje com a vó, ela estava fritando bolinho e eu fui ajudá-la.. perguntei 'coloco onde, vó? no prato do César?' ela só riu.. achou graça eu ter dito dessa forma e pôs-se a falar bem de você como sempre. Contou que você chegava e a chamava pra conversar, só pra dizer que conheceu alguém novo no dia.. mas chamava. É toda orgulhosa quando se trata de você, me disse que as meninas viviam atrás de você porque era muito lindo.. todo certinho, não bebia, não fumava, só se interessava pela sua musculação. Ela sente muito a sua falta.. Soube de seus campeonatos, no primeiro ficou em terceiro lugar disputando contra veteranos.. uma baita vitória por ser a primeira vez hein?
Enquanto ela tagarelava sozinha ele só ouvia... e ela não se virava para encará-lo, fitava o vazio e falava.
- Mas sabe, acho que mamãe é desse jeitão por sua causa.. por não ter feito os bolinhos de chuva que você pediu. Mesmo não me lembrando, me contam que eu era muito chorona e você me colocava pra dormir na sua barriga.. diz a lenda que eu me acalmava. Ultimamente to precisando deitar em uma barriga assim e voltar a me sentir mais segura. Eu sinto tanto a sua falta mesmo não tendo o conhecido ao ponto de poder recordar agora.
"Pedi que viesse aqui.. não espero mesmo que diga algo, só pedi pra que eu pudesse contar isso.. que eu venho prendendo aqui dentro. Tem dias que eu fico um tempão assim pensando em você.. pensando no "e se.." e se você estivesse aqui hoje, como seríamos? o que mudaria? Se um dia eu te ver, por favor me diga alguma coisa, me conforte, espero não sentir medo, eu gostaria muito.."
- Eu sinto tanta saudade. Ainda te verei, tio César..?
E então finalmente ela se virou pra encará-lo, porém os raios de sol invadiram sua visão e depois ela viu que já não havia mais ninguém ali.

terça-feira, 4 de maio de 2010

"Hoje eu acordei numa casa diferente, num quarto diferente, sem nenhuma muleta, sem nenhuma maquiagem, meus amigos estão ocupados, meus pais não podem sofrer por mim. Hoje eu acordei sem nada no estômago, sem nada no coração, sem ter para onde correr, sem colo, sem peito, sem ter onde encostar, sem ter quem culpar. Hoje eu acordei sem ter quem amar, mas aí eu olhei no espelho e vi, pela primeira vez na vida, a única pessoa que pode realmente me fazer feliz"

A voz do silêncio.

"Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!

Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.

Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!"

É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.

E fala alto.

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem."

Marta Medeiros